Um dos momentos mais tensos vividos pela âncora no ‘JN’ foi ao contestar insinuação do então candidato à Presidência.
Muito se fala a respeito da rivalidade entre Jair Bolsonaro e William Bonner. Mas a jornalista Renata Vasconcellos também já foi alvo da artilharia verbal do presidente. A primeira vez aconteceu em 28 de agosto de 2018, quando o candidato do PSL ao Planalto foi sabatinado na bancada do Jornal Nacional e sinalizou suposta desvalorização da âncora na comparação com Bonner.
Contestado a explicar a declaração de que, caso fosse empregador, não pagaria a uma mulher o mesmo salário de um homem em igual função, ignorando a luta feminina pela igualdade de gênero, o ex-militar tentou virar o jogo contra os entrevistadores.
“Eu tô vendo aqui uma senhora e um senhor. Não sei ao certo, com toda certeza há uma diferença salarial aqui”, disse. “Parece que é muito (melhor) pra ele do que para senhora.”
Imediatamente, Renata se manifestou. “Desculpe, vou interromper. Eu poderia até, como cidadã, e como qualquer cidadão brasileiro, fazer questionamentos sobre os seus proventos porque o senhor é um funcionário público, deputado há 27 anos, e eu, como contribuinte, ajudo a pagar o seu salário”, afirmou, sem perder a elegância habitual.
“O meu salário não diz respeito a ninguém, e eu posso garantir ao senhor, como mulher, que eu jamais aceitaria receber um salário menor de um homem que exercesse as mesmas funções e atribuições que eu.”
Bolsonaro voltou a disparar contra Renata em 22 de maio de 2020. Não foi uma insinuação, e sim um insulto. Irritado com a cobertura feita pelo ‘JN’ das mortes por covid-19 no Brasil, o presidente chamou a Globo de “TV Funerária” e disse que a apresentadora fazia “aquela cara de freira arrependida” ao anunciar o número de óbitos todas as noites. A declaração ocorreu durante conversa com jornalistas.
Poucos dias depois, o presidente surpreendeu a todos com um gesto de gentileza à âncora do ‘JN’ por conta da ameaça de um homem armado com uma faca que invadiu a sede do jornalismo da Globo, no Rio.
“Presto solidariedade às jornalistas Marina Araújo e Renata Vasconcellos, que foram alvos desse atentado covarde e inaceitável. Que o caso seja apurado brevemente e o autor punido com o rigor da lei!”, escreveu o presidente no Twitter. Aquela incomum atitude empática logo foi ofuscada por novos e intermináveis ataques de Bolsonaro contra a Globo e o Jornal Nacional.
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