Em pé de guerra com a Globo desde a sua vitória nas Eleições de 2018, o presidente Jair Bolsonaro fez da Record a sua principal aliada. A direção da emissora, por sua vez, não pensa em perder essa ligação com o Governo e agora se movimenta para apagar o último “incêndio” criado na relação entre eles.
A polêmica da vez tem relação com as críticas feitas por Mariana Godoy, no Fala Brasil, ao chefe do Executivo. A fala da âncora sobre a última live do político pegou mal entre os aliados do presidente, que já estão chamando o Jornalismo do canal de “comunista“.
Há rumores de que a direção agora tenta censurar as opiniões e expressões dos seus âncoras, principalmente as que podem afetar diretamente o Palácio do Planalto – tal qual fez Silvio Santos com Rachel Sheherazade na época do Governo Dilma Rousseff. Cabe lembrar, inclusive, que a Record já chegou a afastar e demitir profissionais que fizeram críticas a Bolsonaro e à linha editorial que o canal tem seguido, como foi o caso de Adriana Araújo.
É importante salientar que a emissora de Edir Macedo vive trocando afagos com o presidente da República desde a corrida eleitoral. Inclusive, foi para ela que o “capitão” concedeu a sua primeira entrevista após ser eleito. Porém, ao longo desse caminho, a relação entre as partes já demonstrou algumas rusgas…
Os maiores problemas começaram a ser vistos durante este período da pandemia da Covid-19, como no começo do ano, quando a Record fez (sutis) críticas em seus telejornais pela demora da chegada das vacinas no país. Numa outra situação, a própria Mariana Godoy opinou contra a postura do presidente no combate ao novo coronavírus.
Em maio, surgiram boatos de que membros da Igreja Universal do Reino de Deus, liderada pelo dono da emissora, ameaçaram deixar o apoio ao Governo Federal após enxergarem uma falta de auxílio à instituição em conflito com o governo de Angola. Meses depois, entretanto, o vice-presidente Hamilton Mourão se movimentou e até foi ao país africano para tentar intermediar a situação.
A coluna Curto-Circuito procurou a Record para saber sobre os cortes das opiniões políticas e expressões faciais dos seus apresentadores, mas não obteve resposta.
Isenção ou medo?
A direção tenta passar para seus profissionais que a atitude tem caráter único de deixar o jornalismo isento no noticiário de política. No entanto, é nítido que a Record tem receio de perder o prestígio dos aliados de Bolsonaro, incluindo, é claro, os donos de grandes empresas que estão ao lado do Presidente da República.
Com RD1
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