Os temas abordados na sabatina foram educação, saúde, infraestrutura, gestão financeira, meio ambiente, projetos estruturantes, emprego e renda e cultura
Na reta final das sabatinas da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) com os candidatos ao Governo do Estado, na última rodada de entrevistas do programa “Conexão Eleitoral”, na manhã desta sexta-feira (16), o candidato Antônio Nascimento (PSTU), respondeu a perguntas da população, dos vereadores e de jornalistas. Os temas abordados na sabatina foram educação, saúde, infraestrutura, gestão financeira, meio ambiente, projetos estruturantes, emprego e renda e cultura.
No primeiro bloco, o candidato Antônio respondeu perguntas da população sobre meio ambiente, infraestrutura, emprego e renda, educação e projetos estruturantes. De início, sobre meio ambiente, Lindberg Brito disse que gostaria que os candidatos incluíssem nos planos de governo cuidados relativos à preservação de nascentes, rios, matas e mananciais. Em resposta, Antônio Nascimento comentou: “É preciso investir em tecnologias e pensar num meio ambiente de maneira sustentável para dar conforto à nossa classe trabalhadora e aos mais empobrecidos, que estão pagando o preço por esses que usam os recursos naturais indiscriminadamente”. Ele também falou sobre estatizar o agronegócio: “É preciso deixá-lo sob o controle da classe trabalhadora para que essas empresas que estão pouco preocupadas com o meio ambiente não venham a nos deixar na situação em que estamos hoje”.
Rogério Braz quis saber qual a proposta para a mobilidade urbana, tendo em vista que as cidades estão crescendo e problemas como o transporte público entre as cidades da Região Metropolitana, também. Nascimento lembrou que trabalhou por 20 anos como motorista de ônibus e, então, sugeriu: “Nós propomos, primeiro, quebrar o monopólio do transporte público. É preciso que tenhamos um transporte público de qualidade, que ofereça conforto e segurança para a classe trabalhadora, para os usuários. É preciso que as empresas prestem conta do que entra e do que sai. Rever a concessão pública, porque quebra a cláusula da concessão que diz que tem que prestar um bom serviço, conforto, segurança e qualidade, e nada disso é prestado para a população. É preciso estatizar o transporte público e deixá-lo sob o controle da classe trabalhadora, e, o poder estatal, junto com a classe trabalhadora, dando suporte, organizando para que esse transporte seja público e de qualidade para todos, e não para o enriquecimento de meia dúzia de empresários”.
Sobre emprego e renda, Deomedes Fernandes questionou quais as metas do candidato para o primeiro emprego de jovens na Paraíba. Antônio frisou que não se desenvolve uma economia com o povo passando fome. Segundo ele, são mais de 80 mil famílias em situação de insegurança alimentar, o desemprego atingindo mais de 240 mil pessoas e mais de 300 mil na extrema pobreza, na Paraíba. “Para a geração de emprego, é preciso subsidiar as pequenas e microempresas, como também isentar de impostos para que elas cresçam e, assim, gerem empregos”. Ele ainda propôs diminuir a carga horária, efetivar uma redução da jornada de trabalho sem reduzir o salário, como também sugeriu o plano de obras públicas para suprir as necessidades do saneamento básico, educação, construção de escolas, creches, e criar vagas de empregos.
Ainda falando sobre emprego e renda, o candidato contou sobre constatações sobre a situação hídrica com a transposição do Rio São Francisco, a partir de uma visita que fez ao sertão da Paraíba: “Nosso povo está morrendo diante da água, não podendo usá-la para a agricultura familiar que é responsável por 70% da nossa alimentação. Como, também, para que chegue em suas casas. O rio está desaguando no Açude Boqueirão, mas não está chegando na agricultura familiar e nem na casa dos que mais precisam, porque não investiram em adutoras para que a água chegue. É assim que se movimenta a economia? Matando o nosso povo de fome e de sede? Vivemos um grave momento em que as pessoas mais empobrecidas olham para o alimento e, se não tiverem dinheiro para comprar, morrem ali, na frente do alimento sem poder consumir. Como, também, a água, passando praticamente no quintal. É preciso ter um olhar voltado para os mais empobrecidos, para a classe trabalhadora, com salário digno, subsidiando pequenas e grandes famílias e com incentivo à agricultura familiar”, opinou.
Em seguida, acerca da educação, a estudante Ágata Cristinne relatou que a Vila Olímpica Parahyba, que é um centro de referência de esporte, se encontra em uma situação complicada, com piscina sem cloro e falta de manutenção dos campos. Ela, então, questionou como o candidato pensa em investir no esporte, em João Pessoa. Nascimento enfatizou que tanto o esporte como a cultura deveriam ser acessíveis a todos, mas que não se tem investido na construção, por exemplo, de quadras em bairros populares, e nem no incentivo ao esporte para crianças. “Nós propomos o plano de obras públicas que construirá quadras, ginásios, como também, fará incentivo para que essas crianças e jovens voltem a praticar esportes em todos os meios”. Ele acrescentou: “As crianças estão indo para a escola se alimentar, porque nem o alimento esses governos garantem para o nosso povo. E eu pergunto, como a gente vai ter uma educação pública de qualidade, como nossas crianças vão praticar esportes, sem se alimentar? (...) Segundo a Associação dos Tribunais de Contas do Brasil, na Paraíba, são 110 escolas sem banheiros, 106 sem água encanada, 81 sem esgotamento sanitário, centenas sem internet, sem quadra coberta. É dessa forma que vamos resolver a educação? (...) Então, propomos o plano de obras públicas para o esporte, cultura e lazer não serem um privilégio para poucos, porque hoje é”.
Quanto aos projetos estruturantes, Guilherme Baía citou a Lei da Cabotagem, já aprovada no Brasil. Ele explicou que a Paraíba seria um dos portos mais favorecidos para a possibilidade do transbordo, que traria uma boa receita para o estado, porém, compreende que há muitos problemas na infraestrutura do Porto de Cabedelo. Ele quis saber a proposta do candidato para que o frete no Brasil seja mais barato e a Paraíba possa atrair bilhões em investimento nessa área. Para Antônio, o problema precisa ser revisto e bem planejado, em diálogo com o governo municipal e uma equipe, de modo que possam estruturar e gerar boa economia. No entanto, também destacou: “Não se gera economia matando o trabalhador, não dando qualidade de vida a ele. O que acontece na maioria dos casos é que se instalam empresas com isenção fiscal, mas na verdade, utilizam da mão de obra, pagando pouco e enriquecendo de tal forma que, quando chega em determinado patamar, saem do estado e deixam os trabalhadores ‘à mercê’. Não é dessa forma que se gera economia. Tem que resolver vários pilares, o saneamento básico, o turismo. Tem vários pontos que estão comprometidos. É preciso que se converse, planeje. Garantimos fazer esse planejamento de maneira sustentável, sem agredir o meio ambiente”, assegurou.
Segundo Bloco: candidato responde às perguntas de vereadores
No segundo bloco, o candidato Antônio Nascimento respondeu a perguntas de vereadores sobre emprego e renda, cultura, gestão financeira, infraestrutura e meio ambiente. Sobre emprego e renda, o candidato respondeu ao vereador Mangueira (PP) que, para desenvolver o estado, garantindo emprego e renda, é preciso subsidiar as pequenas empresas e a agricultura familiar, além de reduzir a carga horária, sem diminuir os salários, criando assim vários postos de trabalho. “O que não podemos admitir em nosso estado é que 53% da população esteja na informalidade, 240 mil pessoas estejam desempregadas e 80 mil famílias passando fome. É preciso dar oportunidades para os jovens e investir em infraestrutura, porque não é possível gerar emprego e renda sem garantir a infraestrutura adequada para movimentar a economia”, exemplificou o candidato.
Respondendo ao vereador Milanez Neto (PV), que questionou sobre cultura, Antônio Nascimento afirmou que a área é muito importante para o desenvolvimento do estado e defendeu que se invista mais na cultura popular. “Não somos contra a cultura de massa, mas temos alguns questionamentos. Sabemos que as grandes festas, como o São João de Campina Grande, deixam muitos lucros. Mas, para onde vão esses ganhos? Não há prestação de contas, não sabemos quanto dessa arrecadação é distribuída para resolver os problemas essenciais do nosso povo. Temos que ter um olhar mais sensível para o retorno que essas festas trazem e investir em ilhas culturais, nos bairros e municípios, dando oportunidade de desenvolver a cultura e investir em novos talentos”, argumentou.
Sobre gestão financeira, o candidato respondeu ao vereador Bosquinho (PV), que questionou a respeito de redução de ICMS sobre o gás natural. “O equilíbrio entre receita e despesa tem que ser bem avaliado pelo governo, que cobra muito alto pelo ICMS, mas não vemos essa arrecadação refletida em investimentos nas áreas de educação, infraestrutura, saneamento básico. Precisamos sentar, dialogar com nossa equipe, com os poderes e sindicatos para conseguir baixar o ICMS”, afirmou Antônio Nascimento. O candidato ainda assegurou que, caso seja eleito, vai romper com a dívida pública. “Pagamos muito caro pelos empréstimos do governo. Vamos romper com a dívida pública e investir em áreas essenciais, porque não admitimos que nosso povo seja sacrificado para pagar uma dívida que não é nossa”, garantiu.
Dentro do tema infraestrutura, o vereador Thiago Lucena (PRTB) questionou sobre investimentos em mobilidade urbana. “O que nós defendemos é um plano de obras públicas que resolva a questão da infraestrutura, um conjunto de obras que envolva não só mobilidade urbana como outros pilares. Não é possível desenvolver um estado quando ainda há áreas com esgoto a céu aberto, por exemplo, que causa prejuízos não só à saúde da nossa população como ao desenvolvimento econômico”, respondeu o candidato, defendendo ainda que os agentes públicos façam uso dos serviços públicos. “Os governantes sucateiam o serviço público porque não fazem uso dele, só vão dar valor quando passarem a usar, aí sim vão começar a ter outro olhar. O que está faltando é um olhar sensível para os pilares essenciais”, observou.
Respondendo ao vereador Marcílio do HBE (Patriota), que, dentro do tema meio ambiente, questionou sobre os projetos para implantação de parques, como o ‘Parque Boi Só’, Antônio Nascimento afirmou que iniciativas como essa exigem diálogo com a população. “A implantação de um parque na Comunidade São Rafael está gerando conflitos. As pessoas que já ocupam aquela área há anos estão protestando, porque estão sendo despejadas. Para implantar parques como esses é preciso chamar a comunidade para debater o assunto, realizar audiências públicas, colocar a comunidade, a prefeitura e os ambientalistas para discutirem a questão ambiental. O que não podemos aceitar são grandes empresas agredindo o meio ambiente e as comunidades, sem diálogo”, defendeu o candidato, destacando ainda a necessidade de se pensar o meio ambiente de maneira inteligente e sustentável, além de ensinar as crianças desde cedo sobre preservação.
Candidato responde perguntas de jornalistas convidados
Três jornalistas convidados pela CMJP fizeram questionamentos ao candidato. O jornalista Josival Pereira quis explicações sobre o que seria estatização do agronegócio que consta na pauta do candidato. “A estatização do agronegócio é fazer com que as empresas privadas passem ao controle do Estado. O governo acompanha e dá qualidade de vida à população sem causar danos ao meio ambiente. O agronegócio com grandes exportações deixa o nosso povo passando fome. Só vão sair alimentos de nosso estado depois que todos estiverem alimentados”, explicou o sindicalista.
Já o jornalista Rubens Nóbrega quis saber de que forma o candidato irá tratar do transporte público coletivo. “Nessa área vamos atuar na competência do estado e o que não for de nossa competência vamos dialogar. Esses serviços de transporte público precisam prestar contas à sociedade. E vamos debater sobre a dupla jornada de trabalho e redução da frota, que prejudicam a população. As empresas precisam atender a classe trabalhadora”, asseverou o candidato.
Antônio Nascimento também afirmou que vai garantir que 10% do Produto Interno Bruto (PIB) da Paraíba seja destinado à Saúde, para ofertar serviços de qualidade a toda população. Ele ainda enfatizou que vai combater a violência contra a mulher com debates no “seio da família”, com abertura de novas delegacias especializadas e com a fomentação de emprego e renda para inserção dessas mulheres no mercado de trabalho. Ao ser questionado sobre o futuro de seu partido e sobre o segundo turno, ele deixou claro que acredita conseguir a percentagem para garantir a vida de seu partido e que haverá conversas após o resultado do segundo turno para decisão sobre os rumos do PCO na eleição.
O sindicalista parabenizou a CMJP e agradeceu pela oportunidade de apresentar seu plano de governo e destacou que o carro chefe do mandato será o combate à fome e a garantia de emprego e moradia, além do transporte público. Ele ensejou que a população vote consciente sem influência das frases bonitas e com o olhar dos que lutam de fato pelo povo.
Os jornalistas convidados parabenizaram a CMJP pela iniciativa que permitiu à população conhecer as propostas de cada candidato de forma isonômica e imparcial. Também agradeceram a oportunidade de participar de um momento tão importante para a capital paraibana.
A Mesa Diretora da CMJP vai enviar cópias da Carta de João Pessoa para todos os candidatos que a assinaram, além de enviar um ofício da Mesa Diretora a todos os candidatos à presidência da República dando ciência das sabatinas e com cópia da Carta de João Pessoa.
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