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A sucessão do imortal Carlos Aranha nos meandros do silêncio no suntuoso Silogeu

Foto do escritor: Judivan GomesJudivan Gomes




O esplendor do artista imortalizado em sua obra e a contestação do bom observador, bem atento aos fatos, gestos e omissões.


Por Josinato Gomes Procópio

  • Não sei se os estatutos normativos da instituição incorrem em omissões do gênero, mas acho que o ingresso na APL (Academia Paraibana de Letras) deveria dá-se de maneira mais criteriosa, sobretudo nos tempos atuais, para então poder-se honrar a tradição histórica do solitário e suntuoso Silogeu.

Quando cheguei de Itaporanga a João Pessoa, há mais de 40 anos, fui muitas vezes assistir à movimentação literária da Academia, sem antes deixar de adentrar a então Biblioteca Pública do Estado, já que residia na vetusta e acolhedora Casa do Estudante da Paraíba, na Rua da Areia, muito próxima das duas casas de cultura.

  • E, a partir de então, passei a acompanhar, sempre que podia e por mera curiosidade, o processo eleitoral da Casa Augusto dos Anjos, cujas escolhas, não raro, recaíam sobre pessoas de pouca – ou quase nenhuma – notoriedade política, e nem mesmo de intimidade com os meios de comunicação, quer no campo empresarial, quer no artesanato propriamente jornalístico.

Ao contrário, em grande maioria, tratava-se de profissionais liberais de reconhecido respeito e prestígio, na sociedade e nas instituições de Estado, livres de compadrios que pudessem contaminar a realização de cada pleito, para desprestígio do caráter democrático que deve legitimar a efetivação do processo.


A impotência no mundo real do beletrista ausente em vida, diante da análise acurada do maquiavelismo entre os “imortais”.

  • Afora isso, ainda se enfrenta, no processo e sob o auspicioso silêncio dos conventos e mosteiros em derredor, as conspirações da “igrejinha” que ali também se ergueu, e que sempre estar a acender velas em rituais de perturbadora sutileza, em prol das indicações que mais lhe convêm.

Alijando, nas disputas, como em pouco tempo ocorrera, beletristas da estatura de Biu Ramos, Irani Medeiros, Cleanto Gomes, Evandro da Nóbrega e Gilvan de Brito, cujas senhas estão contidas nas respectivas searas de produção cultural, atestando a capacidade de cada um em colaborar na formação intelectual e histórica da sociedade paraibana, com espírito público e polimático saber.

  • Talvez, a par dessa realidade, nosso estimado Tião Lucena não se tenha deixado entusiasmar, no arroubo dos desesperados, pela sugestão do jornalista, advogado e empresário Chico Pinto Neto, no sentido de concorrer à vaga recentemente aberta com o falecimento do multijornalista, escritor, músico e poeta Carlos Aranha.

Embora possa ostentar o selo de quase dez títulos publicados, todos bem recebidos pela crítica e pelo mercado, e, diga-se, quase todos esgotados, dado o peculiar estilo do autor, cujo cheiro de povo exala, de cada página, na espiral evocativa de quem constrói a própria história, com talento e determinismo, transitando, desassombrado, entre anjos, duendes e gnomos.

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